Com Selic em baixa, investir em imóveis é boa opção para gerar renda
Via Estadão, por Luiz Felipe Simões
Muita gente aproveita o momento para comprar propriedades com o objetivo de locá-las ou apostar na valorização
Comprar imóveis é uma das maneiras de investir mais populares no País. Como a taxa básica de juros Selic está no menor nível histórico, muitos aproveitam o bom momento para comprar propriedades com o objetivo de locá-los ou apostar em sua valorização.
Segundo um levantamento feito pela startup Apê11, a procura por imóveis para investimentos na plataforma cresceu 2,5 vezes no segundo semestre de 2020 na comparação com os seis primeiros meses do mesmo ano. Esse perfil de investidor passou a representar mais de 30% das vendas feitas pela empresa, que se reconhece como um ‘balcão digital’ de negócios imobiliários.
Para Leonardo Vieiraalvez Azevedo, fundador da Apê11, a baixa remuneração da renda fixa impulsiona o mercado imobiliário. “As pessoas olhavam isoladamente para a remuneração de aluguel versus a renda fixa. No passado isso fazia pouco sentido, mas agora com a Selic baixa as coisas mudaram”, diz.
Mas comprar imóvel ainda é uma boa opção de investimento? O E-Investidor conversou com especialistas para entender.
Investindo em imóveis
Esta é uma das muitas formas para construir um patrimônio seguro e lucrativo. Com o investimento em imóveis, é possível ganhar dinheiro obtendo recursos por meio do aluguel para terceiros, com rendimentos mensais fixos enquanto durar o contrato, ou pensando no bem como se pensa em uma ação: espera-se que a região onde a propriedade está se valorize para que seja vendida por um valor mais alto do que o de compra.
Porém, enquanto se espera pela valorização, é possível deixar o apartamento, a casa ou a sala comercial alugada para obter renda extra.
Para Fernanda Carmo, diretora da FC Consultoria, especializada no mercado imobiliário, o momento atual é um dos mais propícios para investimentos em imóveis, prontos ou na planta, por conta do estágio da taxa Selic.
“Existem diversas oportunidades no mercado para adquirir um empreendimento em localização privilegiada a valores acessíveis. No bairro do Paraíso, em São Paulo, encontramos imóveis a R$ 800 em parcelas mensais mais a entrada. Mesmo assim, o custo é baixo porque a locação terá um valor tremendo, chegando a uma rentabilidade de 1% do valor do imóvel, ou seja, R$ 3.000 mensais para um imóvel no valor de R$ 287.000”, explica a consultora.
Essa conta da rentabilidade do imóvel é parecida com o calculo do Dividend Yield, utilizado para acompanhar os dividendos dos fundos imobiliários. Geralmente, esse tipo de investimento possui um rendimento de 5% a 6%, ficando em média entre 0,5% e 0,6% no mês.
Para fazer o cálculo do Yield é simples: basta ter o valor do aluguel líquido, dividir pelo preço do imóvel e multiplicar o resultado por 100. Usando como base o exemplo acima, chegamos ao resultado final de 1,04% de rentabilidade no mês.
Segundo Leandro Benicá, educador financeiro da Messen Investimentos, quem consegue obter um valor de aluguel superior a 0,5% do valor dou imóvel está com uma excelente oportunidade nas mãos. “Obtendo mais de 0,5% você já está acima da média do que recebe de dividendos dos fundos imobiliários”, diz.
Vantagens e desvantagens
Na visão de Azevedo, há três vantagens de se investir em imóveis. ”Primeiro a segurança, que pode ser traduzida como proteção inflacionária, pois os imóveis vão se incorporar à inflação ao longo do tempo. O segundo benefício é a diversificação, ou seja, desvincular um pouco dos ativos financeiros para entrar na economia real. Já a terceira vantagem é a possibilidade de obter um retorno superior ao da renda fixa”, afirma.
Para o fundador da startup Apê11, a única desvantagem para os investidores em imóveis é a liquidez. Transformar um imóvel em dinheiro demora algum tempo e não necessariamente a venda será pelo preço almejado, mas pelo valor de mercado.
A principal barreira para quem quer investir em imóveis é o alto capital necessário para realizar a compra de uma casa, apartamento ou sala comercial. No caso daquele localizado no Paraíso, o comprador precisa desembolsar imediatamente R$ 287 mil. Em contrapartida, uma cota de fundo imobiliário pode ser adquirida por pouco mais de R$ 100.
Para Benincá, a concentração de investimento também pode ser um problema. “Você perde diversificação, pois tem apenas um imóvel. Quando investe em um fundo imobiliário, pode ter de 15 a 20 imóveis em seu portfólio”, conclui o educador.